Para o entendimento claro, consideram-se as seguintes definições e conceitos no contexto da ENGENHARIA DIAGNÓSTICA:
1)- Vício de Construção:
São as falhas construtivas que surgiram no transcorrer da obra e que se manifestam até o presente. De forma direta ou indireta prejudicam a estética, a estanqueidade das áreas, a estabilidade, a segurança e o bom funcionamento dos elementos construtivos e das instalações ou ainda, que modificam essencialmente os projetos e especificações técnicas.
O conceito abrange as divergências entre Construção X Projetos e também entre construção X Convenção do Condomínio. Também se enquadram neste conceito, as divergências entre a Construção X Material de Propaganda, quando possível de ser considerado.
Como exemplos de vícios de construção temos :
• Falhas ou ausências de rejuntamento de pisos e paredes;
• Ausência de planeza em pisos cerâmicos ou sobressalto acentuado nas trocas de piso sem a presença de soleiras;
• Uso indevido ou inadequado de materiais;
• Falta de prumo e alinhamento;
• Caimentos de piso invertidos em relação aos pontos de captação;
• Pressão insuficiente ou demasiadas nas instalações hidráulicas etc.
2)- Patologia:
É a perda total ou parcial do desempenho ou da função de um dos elementos construtivos decorrentes dos vícios de projeto ( concepção ) ou da execução ( vícios de construção).
Como exemplos de patologias temos:
• Fissuras ou trincas;
• Descolamento ou desplacamento de revestimentos de piso ou paredes;
• Infiltrações internas ou externas, etc.
3)-Danos ou Avarias:
São situações ocasionados pelo mau uso ou também pela ausência e falha de manutenção.
Como exemplos de danos temos:
• Peças de madeira ou metálicas alumínios riscadas ou amassadas;
• Portas, dobradiças e vidros quebrados;
• Peças cerâmicas sujeitas ao choque de objetos contundentes ou pesados, quebrando-as, etc.
4)- Classificação de Não Conformidades pelo Sistema GUT- Gravidade x Urgência x Tendência:
Conceito que estabelece o grau de risco que cada não conformidade identificada se manifesta numa construção.
Leva em conta uma pontuação para cada variável, Gravidade, Urgência nas providências, e Tendência de seus efeitos.
O risco total é o resultado do produto (multiplicação) entre a pontuação de cada um dos três conceitos. Quanto maior a pontuação final do item, maior o risco daquela situação.
São ordenados numa tabela em ordem decrescente de pontuação e servem de subsídio para as prioridades nas intervenções. A pontuação segue critérios de avaliação e experiência dos vistoriadores.
Exemplo:
a)-Danos no Para-raios: Gravidade =10 x Urgência =10 x Tendência 10= (10x10x10)=1000.
b)-Trinco de janela quebrado: Gravidade = 6 x Urgência=3 x Tendência 1= (6x3x1)= 18.
5)- Vistoria de Vizinhança:
É a constatação das características e condições físicas do local, terreno e imóveis vizinhos a empreendimento de construção civil, mediante verificação “in loco” , para possibilitar o registro descritivo e ilustrativo das mesmas. (*)
6)- Inspeção em Edificação:
É a análise técnica de fato, condição ou direito relativo a uma edificação. (*)
Podendo ser:
1. Inspeção de recebimento de obra: - Serve para constatar as condições técnicas da edificação, no ato da entrega da obra, pronta para sua utilização.
2. Inspeção de edifício em garantia: - Serve para constatar as condições técnicas da obra, que já foi entregue, e se encontra em pleno uso e funcionamento todos sistemas na fase pós-entrega.
3. Inspeção predial: - É a avaliação das condições técnicas de uso e de manutenção da edificação visando orientar as manutenções futuras e a qualidade predial total.
Seguindo o IBAPE/ SP-os níveis de inspeção dividem-se em:
• Inspeção nível 1: Identifica as anomalias e falhas aparentes, sendo elaborada por profissional habilitado.
• Inspeção nível 2: Identifica as anomalias e falhas aparentes, eventualmente, identificadas com o auxílio de equipamentos e/ou aparelhos, bem como analisa documentos técnicos específicos. Pode ser conduzida por profissionais especializados em uma ou mais especialidades.
• Inspeção nível 3: é de nível 2 , acrescida de auditoria técnica conjunta ou isolada de aspectos técnicos de uso e de manutenção, além de promover ajustes dos procedimentos existentes no plano de manutenção.
7)- Perícia:
Etimologicamente, o termo perícia advém do latim PERITIA e significa “conhecimento adquirido pela experiência”. No linguajar jurídico, designa a diligência realizada, a fim de esclarecer ou evidenciar certos fatos, quando se deseja esclarecer circunstâncias que não se acham perfeitamente definidas (*).
8)- Auditoria em Edificação:
Consiste em atestar, ou não, a conformidade de um fato, condição ou direito relativo a uma edificação. Ou seja, determina através de parecer, após as devidas diligências e análises técnicas e documentais, se houve ou não o atendimento a contratos, normas técnicas, posturas legais, projetos, especificações, manuais de manutenção e aos códigos de obra (*).
9)- Consultoria:
Consiste num parecer que prescreve as soluções e recomendações para as anomalias construtivas, para as patologias e falhas de manutenção e de demais fatos e problemas incidentes na construção. Em geral tais prescrições não são únicas, pois existe, na maioria dos casos, mais de uma técnica para solucionar uma mesma situação.
Fonte: (*)Tito Lívio F. Gomide, Engenharia Diagnóstica em Edificações- PINI,2009-pag 80, 111, 112, 141, 180,251)
Eng. Fábio Mascarenhas CREA-19.041/D-DF
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